Glaucoma é uma doença do nervo óptico (nervo da visão) que resulta na perda gradativa e irreversível do campo de visão.
Existem diversos tipos de glaucoma, mas o mais comum no nosso meio é o glaucoma primário de ângulo aberto. Ele ocorre quando herdamos uma genética favorável para isso, e com o passar do tempo o líquido de dentro do olho (humor aquoso) vai se acumulando, tendo como consequência o aumento da pressão dentro dos olhos. Com isso, células responsáveis pela visão vão morrendo e vai ocorrendo uma perda visual lentamente progressiva e irreversível.
Genética, medicamentosa, traumas e até malformações oculares.
Na maioria dos casos, a doença progride lentamente e o glaucoma pode levar meses e até anos para se desenvolver, sem apresentar qualquer alteração, pois a doença é assintomática no início.
A perda visual perceptível só ocorre em fases mais avançadas. Sem tratamento, o paciente pode ficar cego.
Glaucoma de ângulo aberto: 80% dos casos de glaucoma são do tipo crônico de ângulo aberto. Apesar de não apresentar sintomas, deve ser tratado o quanto antes para evitar que o paciente perca totalmente a visão com o tempo.
Glaucoma agudo de ângulo fechado: neste tipo de glaucoma ocorre repentinamente um aumento da pressão intraocular, causando dores oculares intensas que podem provocar crises de vômito. Outros sintomas comuns são visão embaçada e vermelhidão ocular. Este é um caso de urgência oftalmológica, pois os sintomas são súbitos e, se não tratados, o paciente corre o risco, em apenas um ou dois dias, de agravamento da visão e até mesmo de cegueira.
Glaucoma de pressão normal: ocorre em pacientes com a pressão intraocular normal causando danos ao nervo óptico e perda do campo visual. Tanto nos casos de glaucoma de ângulo aberto como nos de pressão normal, raramente o paciente apresenta sintomas no início da doença.
Glaucoma secundário: é o glaucoma decorrente de outras doenças oculares que interferem na drenagem do humor aquoso e pode estar associado a cirurgias oculares, cataratas avançadas, lesões oculares, alguns tumores, uveítes (inflamações oculares), traumas oculares e uso indiscriminado de medicações com corticosteroides.
Glaucoma congênito: trata-se de uma doença rara, hereditária e geralmente apresenta sintomas característicos: olhos embaçados, sensibilidade à luz, lacrimejamento excessivo, globo ocular aumentado, córnea grande e apacificada. Ocorre pela má formação ocular da criança e afeta o bebê desde o nascimento até cerca dos três anos de idade.
O tratamento do glaucoma na infância é quase sempre cirúrgico, e é essencial o seguimento pós-operatório por uma equipe especializada e multidisciplinar. Com certa frequência, múltiplas intervenções cirúrgicas são necessárias para o controle da pressão intraocular, e, mesmo assim, pode haver necessidade de complementação com uso de colírios hipotensores.
O glaucoma pode ser diagnosticado a partir de exames oftalmológicos. Apesar de serem muitas as doenças que afetam o nervo óptico, a lesão causada pelo glaucoma tem um aspecto característico que permite ao médico detectar a sua existência: as fibras nervosas estão danificadas e desaparecem, deixando uma escavação maior do nervo óptico (alteração que é facilmente vista no exame de fundo de olho feito durante a consulta oftalmológica).
Entre os exames utilizados para a confirmação do diagnóstico do glaucoma estão: tonometria, exame de fundo de olho, gonioscopia, paquimetria corneana, campimetria computadorizada, retinografia e tomografia de coerência óptica.
Estes exames também são importantes para o acompanhamento da doença.
O glaucoma é uma doença sem cura, porém existem vários tratamentos capazes de controlar os sintomas e retardar o seu avanço.
Na maioria dos casos, os medicamentos são eficazes na redução da pressão intraocular. Em geral os colírios são bem aceitos pelo organismo, e é comum a combinação de vários remédios para diminuir a produção de líquido e/ou aumentar a sua drenagem.
A eficácia do tratamento com colírio depende da aderência do paciente. Nos casos em que os colírios não são suficientes para o controle da pressão intraocular, é indicada a cirurgia.
O tratamento cirúrgico de glaucoma está indicado principalmente aos pacientes que não conseguem controlar a doença com o uso de colírios e medicamentos antiglaucomatosos, ou seja, quando a pressão intraocular obtida com o tratamento clínico não é suficiente para impedir a piora do quadro. O objetivo da cirurgia é diminuir esta pressão dentro do olho a níveis desejáveis. Algumas técnicas são:
• Trabeculectomia: é a técnica cirúrgica mais empregada no mundo, conhecida como cirurgia filtrante ou fistulizante. Consiste na confecção, pelo cirurgião, de um novo canal para o escoamento do líquido de dentro do olho, feito com os próprios tecidos oculares. Sob anestesia, o oftalmologista cria um “caminho em regiões específicas do olho” (conjuntiva, esclera, córnea, trabeculado e íris) possibilitando o fluxo controlado e protegido do humor aquoso.
• Implante de tubo de drenagem: indicado para casos refratários ou com alto índice de insucesso pela cirurgia tradicional (trabeculectomia). O dispositivo implantado no olho é formado por uma placa que é fixada na esclera e um tubo que é posicionado na câmara anterior (região entre córnea e íris), funcionando como uma via alternativa para a drenagem do humor aquoso.
• Esclerectomia profunda não-penetrante: é a cirurgia não-fistulizante. Pode ser empregada quando a região do trabeculado em contato com a câmara anterior está viável para filtrar o humor aquoso sem que o novo caminho feito pelo cirurgião precise entrar na câmara anterior. No restante é similar à trabeculectomia.
• Ciclofotocoagulação: procedimento em que se faz a cauterização por via transescleral do corpo ciliar (estrutura responsável pela produção do humor aquoso), diminuindo a quantidade de líquido produzido para dentro do olho. Em algumas situações estão indicados procedimentos a laser que, apesar de serem realizados ambulatorialmente, também são considerados cirúrgicos, como:
• Iridotomia: quando o ângulo da câmara anterior está estreito ou fechado pela convexidade da íris, é necessário abrir uma passagem direta para o humor aquoso na periferia da íris.
• Trabeculoplastia seletiva (SLT): a aplicação de laser no trabeculado (local de filtragem do humor aquoso) faz aberturas nesta região, aumentando a drenagem por um determinado tempo; sendo seguro e eficaz. Hoje é considerado tratamento de primeira linha para a doença.
Para que o resultado esperado seja alcançado e para diminuir riscos e complicações, garantindo o sucesso do tratamento, o paciente deve seguir à risca todas as orientações indicadas pelo oftalmologista.
Dr. Carolina P. B. Gracietelli CRM-SP 128.898 / RQE 35750 | Política de privacidade | Projeto Web: Agência CWS