As lágrimas vão embora dos olhos por pequenas aberturas no canto das pálpebras. Quando obstruídas, elas se acumulam e podem causar lacrimejamento, inchaço, secreção amarelada e podem grudar umas nas outras, necessitando de cirurgia para corrigir a obstrução das vias lacrimais.
Ectrópio é a condição em que a pálpebra fica virada para fora, o olho não se fecha completamente e deixa expostas a esclera (parte branca do olho) e a conjuntiva palpebral, dificultando a lubrificação ocular e fazendo o olho ficar seco. Esse ressecamento gera lesões secundárias na córnea, que causam dor, e em casos mais severos cicatrizes corneanas que reduzem a visão.
O tratamento varia desde o uso de lubrificantes, a aplicação de toxina botulínica e a correção cirúrgica.
No entrópio a pálpebra fica invertida (vira para dentro), fazendo com que os cílios e a pele da pálpebra encostem no globo ocular. Esse contato frequente causa irritação, lacrimejamento e lesões por abrasão. Pode também levar a lesões secundárias na córnea, gerando dor e até cicatrizes corneanas que reduzem a visão. O tratamento pode ser feito com uso de lubrificantes, lente de contato terapêutica, uso de toxina botulínica e, sobretudo, faz-se correção cirúrgica.
Triquíase é o mal direcionamento dos cílios que crescem para dentro do olho, causando irritação. O atrito dos cílios com o olho pode causar dor ocular, sensação de corpo estranho, olho vermelho, lacrimejamento, fotofobia e secreção. Pode levar a baixa de visão quando houver lesão na córnea e em casos severos, úlcera corneana e perda da visão.
Os tratamentos incluem a epilação mecânica (tirar os cílios com a pinça) que pode ser realizada no consultório para alívio temporário, porém após algumas semanas, o cílio triquiático tende a nascer mal direcionado novamente. Portanto, as formas mais eficazes para tratar o problema são a eletrólise, a radiofrequência e o laser; e a cirurgia em caso de cílios numerosos. O uso de colírios lubrificantes e de lentes de contato pode minimizar os sintomas, mas é necessário um tratamento definitivo para evitar complicações graves como a úlcera de córnea.
Ptose palpebral é o termo utilizado para o mal posicionamento ou a queda da pálpebra superior, que passa a recobrir uma parte maior da córnea e às vezes da pupila. É causada por alterações no músculo que eleva a pálpebra ou por problemas neurológicos, e pode ser congênita ou adquirida, unilateral ou bilateral.
Essa condição pode ser um problema apenas estético mais comum em pessoas mais idosas. Entretanto, há casos em que a pálpebra caída pode reduzir o campo de visão e até impedir de enxergar. Em pacientes mais jovens, pode ocorrer devido a trauma ou associado ao uso prolongado de lentes de contato.
O tratamento da ptose é em sua maioria cirúrgico, com técnicas distintas para cada caso.
Dermatocálase é o excesso de pele ou a protrusão de gordura nas pálpebras.
Suas causas são: envelhecimento, redução da elasticidade da pele e da produção de colágeno, doenças congênitas, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas, problemas de tireoide, modo de dormir e predisposição genética.
O aspecto cansado pode se acentuar no final do dia ou após uma noite maldormida. A blefaroplastia é o tratamento indicado, pois soluciona o problema da visão periférica e elimina a flacidez, dando aparência mais jovial à região, além da grande melhora estética.
A retração palpebral caracteriza-se pelo deslocamento das pálpebras em direção ao rebordo ósseo, é a mudança de posicionamento das pálpebras superiores ou inferiores, onde os olhos ficam mais abertos e arregalados.
Pode ocorrer devido a traumas, em que um corte gera uma cicatriz que muda a dinâmica palpebral, e com a retração os olhos aparentam mais arregalados.
Mas a doença de Graves é a causa mais comum da retração palpebral. Trata-se de uma doença inflamatória que afeta a glândula tireoide e as pálpebras. O processo inflamatório acomete a musculatura responsável pela abertura palpebral e com o tempo as pálpebras começam a se posicionar de maneira mais aberta.
O problema estético causa assimetria facial nos casos de retração unilateral ou aspecto de olhar assustado na retração bilateral. Na retração de pálpebra superior, pode ocorrer de a córnea ficar mal protegida, causando sensação de corpo estranho, ardência nos olhos, vermelhidão e embaçamento.
O tratamento cirúrgico tem como objetivo colocar a pálpebra em sua posição fisiológica.
A paralisia facial periférica é uma condição na qual o nervo facial que controla a contração da musculatura do rosto é lesado por uma inflamação e para de funcionar parcial ou completamente.
A paralisia de Bell afeta todas as raças e ambos os sexos, diabetes e gravidez aumentam o risco de desenvolver a condição.
Os sintomas mais comuns são: fraqueza dos músculos de um lado do rosto com paralisia da pálpebra superior que dificulta fechar o olho e piscar, levando ao ressecamento do olho com lesões da córnea; e desvio da boca para o lado contrário ao da paralisia (boca torta). Pode haver diminuição do paladar e salivação excessiva, dor atrás do ouvido e hiperacusia (desconforto causado por ruídos altos).
A principal causa da paralisia facial são as infecções virais. O vírus que mais frequentemente leva à paralisia de Bell é o herpes simples, mas outros também podem causar a doença, como o vírus do herpes zoster, citomegalovírus e vírus Epstein-Barr.
A maioria das pessoas se recupera completamente, entre três semanas e nove meses e poucas mantêm alguma sequela. O início precoce do tratamento encurta a duração dos sintomas e diminui as chances de sequelas. O tratamento não reverte a paralisia facial, mas ajuda a melhorar mais rápido. São eles:
- Cuidados com os olhos – Há um risco de lesões oculares permanentes da córnea devido ao olho excessivamente seco. Para isso deve-se usar lágrimas artificiais para manter o olho úmido.
- Tratamento medicamentoso - A maioria das pessoas com paralisia de Bell são tratadas com esteroides (prednisona), que podem reduzir o inchaço e melhorar as chances de se recuperar completamente. Estes medicamentos devem ser iniciados precocemente, em três dias após os primeiros sintomas. Medicamentos antivirais são por vezes utilizados em conjunto com glicocorticoides, especialmente quando a fraqueza facial é grave.
- Cirurgia - Se a paralisia é decorrente da ruptura do nervo facial, o tratamento é a cirurgia de anastomose (ligadura) do nervo ou enxerto.
Os tumores palpebrais têm origem epidérmica e possuem os seguintes fatores de risco: exposição solar, pele clara, tabagismo, pessoa que já teve outro tumor antes. Os tumores podem ser benignos e malignos.
Deve-se suspeitar de malignidade na presença dos seguintes sintomas: ulceração, sangramento, crosta, insensibilidade, bordas irregulares, endurecimento, pigmentação heterogênea, perda da anatomia palpebral, perda de cílios e principalmente o crescimento rápido.
Os tumores benignos são bem mais comuns. O tumor benigno mais frequente é o papiloma (ou verruga), que pode ser acompanhado em consultório, mas se irritar o olho ou ficar cosmeticamente inaceitável, necessita de remoção cirúrgica.
Os nevus são tumores pigmentados benignos que aparecem na parte frontal do olho, na conjuntiva. A aparência é semelhante à de uma pinta na pele e é geralmente congênita, mas também pode surgir pelo excesso de exposição à luz solar sem proteção, e é mais comum em pessoas com pele clara e branca. Em geral, os nevus de conjuntiva são assintomáticos e na maioria das vezes não geram sintomas ou complicações; são sinais pessoais com limites bem definidos, planos, sólidos e até móveis ao toque.
A maioria dos nevus de conjuntiva não precisa de tratamento, pois não afeta a visão nem traz problemas para a saúde. Como a pinta é benigna, nada precisa ser feito, mas deve ser monitorada no caso de qualquer alteração.
Calázio é o cisto que se forma quando o hordéolo (terçol) não foi curado com o tratamento clínico e que pode aparecer em qualquer idade, tendo maior fator de risco pessoas com acne rosácea ou quem têm blefarite.
O tratamento para o calázio é, em sua maioria, cirúrgico, em procedimento rápido e resolutivo. Em alguns casos pode-se fazer injeção de corticoide, com taxa de sucesso de até 90%; e nos casos não responsivos uma nova injeção pode ser feita ou ser necessária a cirurgia.
Hordéolo - ou terçol - é uma condição muito comum que afeta a borda da pálpebra. Surge por meio de uma inflamação externa da pálpebra quando as glândulas palpebrais se entopem ou são infectadas por bactérias.
O inchaço na pálpebra superior ou inferior pode ser o primeiro sinal do terçol, em alguns casos com a presença de pus. Outros sintomas são: formação de um pequeno caroço vermelho na pálpebra, vermelhidão, lacrimejamento, fotofobia, sensação de corpo estranho no olho e dor no local.
O terçol não é contagioso, embora a bactéria causadora possa ser transmitida de pessoa para pessoa por meio do contato direto com os olhos ou objetos contaminados. Além da infecção bacteriana, existem fatores que podem aumentar a probabilidade de desenvolver um terçol: baixa imunidade, pele oleosa, blefarite, uso inadequado de maquiagem e disfunção das glândulas.
Recomenda-se aplicar compressas mornas utilizando gaze embebida em soro fisiológico, de três a quatro vezes ao dia, durante 15 minutos, a fim de reduzir a inflamação.
Os dois tumores malignos mais comuns são os carcinomas basocelular e espinocelular. O carcinoma basocelular é o tumor maligno mais comum das pálpebras (cerca de 90%) e ocorre com mais frequência em idosos, de crescimento lento e localmente invasivo, mas não metastático. O fator de risco mais importante é pele clara que se queima com facilidade quando exposta ao sol.
O carcinoma espinocelular representa 5 a 10% dos tumores malignos palpebrais. É menos frequente que o basocelular, porém potencialmente mais agressivo, com metástase para os linfonodos regionais em cerca de 20% dos casos. Ocorre mais em idosos de pele clara com histórico de exposição crônica ao sol e lesão de pele. O tratamento de ambos é cirúrgico.
O melanoma é um tumor maligno que surge das células produtoras de pigmento (melanócitos). Quando ocorre no olho, é chamado de melanoma ocular e pode afetar tanto a parte externa (pálpebras, conjuntiva e órbita), como a parte interna do olho (íris, corpo ciliar e coroide).
Os fatores de risco para o desenvolvimento da doença são pessoas de olhos e pele claros e com dificuldade de se bronzear e a exposição intermitente dos olhos à luz ultravioleta.
A maior parte dos casos de melanoma podem ser assintomáticos nos estágios iniciais, mas os pacientes sintomáticos podem se queixar de embaçamento na visão, alteração no campo visual, visualização de flashes de luz e pontos pretos.
O diagnóstico é feito por meio do exame oftalmológico completo, com uma avaliação de grau, pressão ocular, pálpebras, conjuntiva, mapeamento da retina, íris e toda a região interna do olho; além de exames complementares, como a ultrassonografia ocular.
O diagnóstico precoce pode evitar que o tumor se desenvolva, diminuindo o risco de metástase. O melanoma ocular tem cura quando diagnosticado em estágios iniciais, mas necessita do tratamento local e acompanhamento pelo resto da vida. O tratamento varia de acordo com o tamanho e a localização do tumor, que vai desde a braquiterapia ocular até a enucleação, que consiste na retirada completa do globo ocular, nos tumores muito grandes e avançados.
Blefaroespasmo essencial
O blefaroespasmo essencial benigno (BEB) é uma doença idiopática caracterizada por contrações e espasmos bilaterais repetitivos, espontâneos e involuntários dos músculos palpebrais e da parte superior da face, resultando em fechamento palpebral. Qualquer fator, como luz, estresse, cansaço, dirigir, ler, assistir televisão, podem piorar os espasmos. As contrações aparecem durante o sono e pioram em situações de estresse.
Sua causa é desconhecida, mas é comum atingir mulheres na quinta década de vida. O diagnóstico é clínico e o tratamento consiste na aplicação de toxina botulínica subcutânea, em locais específicos (sobre o tarso, bem próximo ao olho).
Espasmo Hemifacial:
Espasmo hemifacial é um distúrbio do movimento facial, muitas vezes associado à compressão do nervo facial. Pacientes com esta condição apresentam movimentos involuntários (espasmos) e síncronos das pálpebras e dos músculos do mesmo lado da face, durante o sono.
O diagnóstico da condição é clínico, mas a ressonância magnética auxilia a descartar tumor na fossa posterior. O tratamento é a aplicação de toxina botulínica nos músculos acometidos, mas de duração temporária, e em geral as aplicações devem ser repetidas a cada três meses.
Qualquer interferência óptica que impeça a imagem de se formar nitidamente na retina é chamada de erro de refração ou ametropia, que basicamente são quatro tipos:
• Miopia
• Hipermetropia
• Astigmatismo
• Presbiopia
Miopia, hipermetropia e astigmatismo, normalmente, são determinados geneticamente; já a presbiopia faz parte do envelhecimento, devido ao enfraquecimento do mecanismo de foco do olho a partir dos 40 anos.
Os sintomas incluem a diminuição da visão, distorções das imagens, desconforto nos olhos, lacrimejamento, náuseas, dores de cabeça e irritabilidade. Em cada tipo de ametropia podem aparecer diferentes sintomas, como:
1. Miopia:
A imagem é formada na frente da retina e a pessoa enxerga mal de longe.
2. Hipermetropia:
A imagem é formada atrás da retina, a pessoa enxerga mal de longe, e dependendo da idade, também de perto.
3. Astigmatismo:
A imagem é formada em dois planos diferentes, ficando borrada e atrapalhando a visão de longe e de perto.
4. Presbiopia ou vista cansada:
Perda progressiva da capacidade de focalizar corretamente os objetos de perto, que ocorre após os 40 anos.
Os erros de refração podem ser corrigidos pelo uso de lentes corretivas, como óculos ou lentes de contato, que eliminam os sintomas durante o uso. A cirurgia refrativa é o tratamento definitivo e tem se mostrado uma alternativa bastante efetiva e com ótimo custo-benefício.
É uma condição extremamente comum em cerca de 10 a 30% da população adulta, sobretudo em mulheres com mais de 50 anos.
O aumento crescente dos pacientes com doença do olho seco pode ser explicado por alguns fatores como: aumento da poluição e do uso do ar-condicionado; além do uso excessivo de computadores, celulares e tablets.
Seus sintomas mais frequentes são irritação ocular, sensação de areia nos olhos, ardor, cansaço e olhos embaçados ao final do dia. Pode também produzir áreas secas sobre a superfície da conjuntiva e córnea e trazer complicações, como ceratite, úlcera de córnea e baixa da visão.
Tratamento do olho seco
O tratamento depende do tipo e da gravidade e tem como objetivo aliviar os sintomas, repor e/ou preservar a lágrima e manter a integridade da superfície ocular. Deve ser individualizado e focado na melhoria dos sinais da doença e pode incluir:
• Colírios conhecidos como lágrimas artificiais
• Lágrimas artificiais em forma de gel
• Oclusão dos pontos lacrimais
• Uso de medicamentos sistêmicos (derivados da tetraciclina ou pilocarpina)
• Anti-inflamatórios tópicos
• Suplementação alimentar com ômega-3
• Cirurgia
O tratamento inicia-se com a reposição da lágrima pelo uso tópico de colírios lubrificantes nos casos mais leves, e géis de ação mais prolongada. Nos casos mais resistentes pode-se indicar a oclusão temporária ou permanente dos pontos lacrimais a fim de manter a lágrima em contato com a superfície ocular por um tempo maior.
O uso de anti-inflamatórios tópicos e dieta rica em ômega-3 têm demonstrado resultados promissores em casos associados à inflamação.
A alergia ocular é o processo inflamatório da conjuntiva causado essencialmente por reação de hipersensibilidade desencadeada pela exposição a determinados antígenos ambientais.
O diagnóstico da alergia ocular é clínico. As alergias oculares são caracteristicamente bilaterais, sendo o prurido o sintoma preponderante, podendo haver edema das pálpebras, hiperemia conjuntival, quemose e secreção mucoide.
Blefarite é a inflamação das pálpebras que pode acometer apenas a pele, causada por alergia, doenças do tecido conectivo ou infecciosa; e/ou também a margem palpebral anterior, posterior (meibomite) ou as duas, além de secundária a doenças cicatriciais.
Sensação de corpo estranho e secura, queimação e ardor que pioram pela manhã costumam ser os sinais mais relatados pelos pacientes no caso da meibomite. Pode haver formação de crostas, descamação e até perda dos cílios. Nos casos de formação do hordéolo ou terçol, pode haver inchaço localizado na pálpebra e dor.
Tratamentos
Indicam-se compressas mornas e limpeza das pálpebras com xampu neutro ou produto específico e uso de pomada antibiótica tópica. Nos casos mais graves, pode-se usar tetraciclina ou derivados. A dieta com produtos ricos em ômega-3 parece melhorar a qualidade do componente lipídico da lágrima e aliviar os sintomas.
A catarata é o processo de opacificação do cristalino (lente natural do olho normalmente incolor e transparente), que tem como objetivo focalizar os objetos que enxergamos. A doença acomete milhões de pessoas e é a maior causa de cegueira tratável no mundo.
Causas principais da catarata:
• Envelhecimento – é o fator mais comum, ocorrendo geralmente após os 60 anos.
• Congênita – a criança nasce com catarata.
• Traumática – ocorre após trauma no olho, geralmente unilateral.
• Defeitos metabólicos – o mais comum é a catarata induzida pela diabetes.
• Secundária a medicamentos – principalmente corticoide tópico por longos períodos.
• Secundária a inflamação, como uveítes e outras doenças inflamatórias do globo ocular.
• Iatrogênicas – que surgem como efeitos e complicações de um tratamento médico.
Os sintomas são a baixa progressiva da acuidade visual e da visão de baixos contrastes. A incapacidade de enxergar com pouca luz, perda parcial/total da visão, sensibilidade à luz, enxergar halos ao redor das luzes, visão dupla ou visão embaçada também são sintomas.
A cirurgia é o único tratamento eficaz, com várias técnicas cirúrgicas que se subdividem em dois grupos: extração extracapsular e facoemulsificação, ambos com implante intraocular de lente.
A facoemulsificação pode ser realizada apenas com anestesia tópica (colírio) ou com anestesia injetável peribulbar.
Atualmente existe uma grande variedade de lentes intraoculares para substituir o cristalino, rígidas ou dobráveis (hidrogel, silicone ou acrílico). Há ainda lentes intraoculares, que podem corrigir astigmatismo e possibilitar visão para longe e perto (lentes intraoculares multifocais).
Apenas em raras exceções as lentes não podem ser implantadas, como nos casos de doenças oculares graves associadas.
Trata-se de uma alteração corneana degenerativa e não inflamatória, caracterizada pelo afinamento e abaulamento progressivo de uma área da córnea. É extremamente comum (uma pessoa a cada 1.000) e inicia-se normalmente como miopia ou astigmatismo ou ambos. Costuma surgir na adolescência e dificilmente progride após os 40 anos, sendo que em 90% dos casos, acomete ambos os olhos. A doença debilita a visão se não tratada, mas raramente leva à cegueira.
Não se conhece ao certo a fisiopatologia do ceratocone, mas há casos de componente hereditário. Pacientes alérgicos que possuem o hábito de coçar o olho apresentam mais chances de desenvolver a doença na adolescência. O sintoma clássico é o aparecimento ou piora da miopia ou do astigmatismo; visão com fantasmas; percepção de imagem dupla.
O diagnóstico é clínico e feito por exames de imagem e o tratamento varia de acordo com a progressão e gravidade do caso, incluindo:
• Correção óptica da miopia e do astigmatismo
• Uso de lentes de contato
• Crosslinking
• Implante de anel intra-estromal (tipo Ferrara)
• Transplante de córnea.
A opção é realizar a correção óptica da miopia e do astigmatismo. Assim que a doença evolui, a visão é corrigida com maior eficácia por meio de lentes de contato, em geral rígidas, que levam ao aplanamento da córnea e proporcionam visão adequada.
O “Crosslinking” é um tratamento cirúrgico que busca enrijecer a córnea, aumentando sua resistência, o que estabiliza o ceratocone e deve ser indicado nas fases iniciais da afecção.
Caso haja intolerância ao uso de lentes de contato, ou estas não fornecem mais uma boa visão, recomenda-se o implante de anel intra-estromal ou transplante de córnea.
Cirurgia Refrativa
A cirurgia refrativa para correção das ametropias (miopia, hipermetropia, astigmatismo) se popularizou e é considerada um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados da medicina.
Este procedimento é recomendável em paciente com refração estável, olho sadio e maior de 18 anos de idade, e apresenta excelentes resultados nas ametropias baixas e moderadas. Em casos de graus muito altos, acima de 8 dioptrias, pode ser necessária cirurgia com implante de lentes intraoculares.
Conjuntivite é qualquer processo inflamatório que afeta a conjuntiva desencadeado por processo infeccioso, alérgico ou traumático.
As conjuntivites infecciosas podem ser causadas por bactérias, vírus, clamídia, fungos e protozoários, sendo os dois primeiros os agentes mais frequentes. São classificadas de acordo com o tempo de aparição e duração
Sintomas da conjuntivite
As conjuntivites infecciosas apresentam sensação de corpo estranho no olho, ardência, fotofobia e lacrimejamento. Há sinais inespecíficos, como vermelhidão, secreção e edema conjuntival, mas não é comum a diminuição da acuidade visual.
A conjuntivite bacteriana caracteriza-se por um quadro unilateral de inflamação conjuntival, edema de pálpebras e secreção mucopurulenta de início rápido. O segundo olho é afetado 1 ou 2 dias mais tarde. Nos casos de conjuntivites hiperagudas, o início é abrupto, e o olho acometido apresenta secreção purulenta verde amarelada e inflamação da conjuntiva.
A conjuntivites virais possuem caráter epidêmico e alta morbilidade ocular. Estas infecções se propagam em piscinas, através de gotas do trato respiratório ou pelo contato direto de mãos contaminadas com o olho. O quadro clínico habitual está caracterizado por uma conjuntivite unilateral que se transforma em bilateral entre 5 a 7 dias, com inflamação conjuntival, secreção aquosa, alterações corneanas e adenopatia pré-auricular. O período de incubação vai de 5-12 dias e a duração da conjuntivite é de 1 a 3 semanas.
Diagnóstico e tratamento da conjuntivite
O diagnóstico da conjuntivite é clínico, mas deve-se realizar exame laboratorial na suspeita de infecção por clamídia e em casos clinicamente inconclusos ou sem resposta ao tratamento.
No caso das infecções bacterianas, recomenda-se antibióticos de amplo espectro para diminuir a duração do processo, a intensidade dos sintomas e evitar o retorno da doença; além de irrigação do fundo de saco conjuntival com soro fisiológico e na aplicação de um antibiótico tópico.
O tratamento das conjuntivites por adenovírus somente requer medidas de suporte para aliviar os sintomas, como compressas frias e colírios lubrificantes.
A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é uma doença da retina que acarreta baixa visão central, prejudicando especialmente a leitura. É também a maior causa de cegueira em pacientes acima dos 50 anos. Há dois tipos: DMRI seca ou não-exsudativa (mais frequente, 90% dos casos) e DMRI úmida ou exsudativa. Na DMRI exsudativa o diagnóstico precoce é essencial para devolver linhas de visão a esses pacientes, e impedir a progressão da doença.
Os fatores de risco para desenvolvimento da doença incluem: pele e olhos claros, exposição excessiva à radiação solar, tabagismo, hábitos nutricionais, diabetes e hipertensão arterial.
Diagnóstico e Tratamento Degeneração Macular Relacionada à Idade
O diagnóstico da DMRI é feito pelo exame de fundo de olho associado a exames por imagem, principalmente a tomografia de coerência óptica (OCT).
A prevenção e o tratamento da doença são realizados por meio de vitaminas, antioxidantes e óculos escuros ou claros com proteção UVA e UVB. Uma dieta rica em vegetais de folhas verdes e pobre em gorduras é benéfica na prevenção à DMRI.
Nos casos de DMRI exsudativa estão indicadas injeções intraoculares de medicações que agem na membrana neovascular macular ou a colocação de implantes intraoculares que liberam corticosteroides.
Pterígio e Pinguécula
A pinguécula é uma lesão elevada, cinza-amarelada, que aparece na conjuntiva perto da córnea na região interpalpebral. Já o pterígio é o crescimento triangular em forma de asa de tecido fibrovascular a partir da conjuntiva interpalpebral nasal e/ou temporal, que invade a córnea em direção ao seu centro.
A pinguécula e o pterígio são comuns em regiões quentes e secas. A exposição a raios ultravioletas e a irritação crônica estão associadas à aparição de ambas as afecções. Os sintomas vão desde irritação, passando por sensação de secura ocular e até diminuição da acuidade visual devido à indução de astigmatismo e/ou comprometimento da área central da córnea.
Tratamentos
O tratamento baseia-se no tamanho da lesão e nos sintomas. Em geral, pacientes jovens com pterígios pequenos devem ser observados; colírios lubrificantes podem aliviar os sintomas. Colírios vasoconstrictores e corticosteroides leves são indicados esporadicamente em caso de inflamação. Recomenda-se óculos de sol com filtro para raios UV.
A cirurgia é indicada quando o pterígio possui tamanho que induza diminuição da acuidade visual e/ou sintomas que não possam ser controlados com terapia tópica.
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